O Que é e Como Funciona a Manutenção em Elétrica e Eletrônica

 

     Todos nós sabemos ou pelo menos temos uma ideia do que é manutenção e como funciona. Vamos abordar este tema focando mais nas áreas de manutenção elétrica e eletrônica, mas começo com um  exemplo bem simples, se você têm uma motocicleta, precisa calibrar os pneus regularmente para evitar desgastes prematuro e pilotar com mais segurança, também precisa trocar o óleo a cada 1000 KM, pois é a vida útil determinada por alguns fabricantes para proteger de forma efetiva os componentes do motor.

 

O que é Manutenção?

 

     A manutenção consiste em manter “algo” funcionando. Existem vários tipos de manutenção, vamos estuda-los:

• Manutenção preditiva;
• Manutenção preventiva;
• Manutenção corretiva.

 

Manutenção Preditiva

     A manutenção preditiva é a mais atual e muito utilizada nas empresas de aviação, empresas de transportes e na indústria em geral. Utiliza técnicas administrativas para controlar, planejar e executar a manutenção de determinadas máquinas, equipamentos e componentes de acordo com a vida útil determinada pelos fabricantes. Por exemplo, se determinadas placas possuem componentes com vida útil de cinco anos, aproximando-se deste período, é gerado uma ordem de manutenção para a troca de componentes ou a substituição da própria placa.

      Podemos dizer que a manutenção preditiva é gerencial, ela controla e gerencia a manutenção preventiva.

 

Manutenção Preventiva

     A manutenção preventiva é muito utilizada para manter as máquinas e equipamentos funcionando. São manutenções programadas, de inspeção e verificação do estado de funcionamento de determinados equipamentos. Na manutenção eletroeletrônica poderia ser a verificação de contatos de chaves, a limpeza de placas, reaperto de bornes de conexões de cabos, medição de corrente de motores, medição de baterias e fontes de alimentação, atualizações de firmware e memórias, etc.

 

Manutenção Corretiva

      A manutenção corretiva consiste em consertar algo que apresenta defeito ou falha. Na eletrônica é a mais utilizada, pois normalmente os aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos somente são enviados para conserto quando apresentam defeitos ou falhas de funcionamento.

     O ideal seria trabalhar mais a manutenção preventiva e menos a corretiva, mas isso somente acontece com mais frequência nas grandes empresas. No ambiente residencial ou mesmo em lojas e micro empresas de um modo geral o que mais acontece é a manutenção corretiva, ou seja, as coisas somente são levadas a manutenção quando param de funcionar ou apresentam falhas importantes. Isso acontece principalmente com elétrica e eletrônica.

    Sabemos que a manutenção preventiva é cultural e também depende das condições financeiras da população. Como nosso país não tem essa cultura e menos ainda, as condições financeiras, pelo menos para a maioria das pessoas, vou passar algumas dicas de prevenção que podem evitar ou minimizar a necessidade da manutenção corretiva.

1ª Dica: Tenha um bom aterramento na instalação elétrica e conecte o condutor de proteção (terra) dos aparelhos no aterramento da tomada.

2ª Dica: Use dispositivos de proteção contra surtos elétricos no quadro de distribuição, são os conhecidos DPS. Se possível use proteção contra surtos nas tomadas de aparelhos mais caros, como computadores e televisores de tela grande.

3ª Dica: Desligue sempre que possível, os disjuntores do quadro e retire da tomada os aparelhos em dias de tempestades e trovoadas;

4ª Dica: Usem de forma correta os equipamentos, por exemplo, as máquinas de lavar roupa têm limites de quantidade de roupas sujas, respeite este limite e evite molhar o painel, pois possuem os comandos eletrônicos.

    Voltando para o tema manutenção corretiva, elaborei cinco passos importantes que recomendo seguir:

1 – Especificação do tipo de defeito;

2 – Localização do defeito;

3 – Verificação das causas;

4 – Reparo;

5 – Teste de funcionamento.

 

Especificação do tipo de defeito

     Para especificar o tipo de defeito é muito importante conhecer o equipamento e suas principais funções. Com isso, será possível determinar o que não esta funcionando corretamente, podendo atuar direto no estágio defeituoso. Vou dar um exemplo simples, imagine que você vai consertar um aquecedor elétrico, este pode apresentar vários tipos de defeito, como não ligar, ou ligar e não aquecer o suficiente ou aquecer demais. Neste estágio você precisa definir o tipo de defeito ou dar o diagnóstico do problema.

 

Localização do defeito

     Neste estágio o conhecimento técnico e as habilidades no uso de instrumentos de medidas permitem análises e medidas de tensões e componentes que podem definir onde esta o defeito. Existem várias técnicas nesta etapa, como análise visual da placa ou componentes, mas não somente a olho nu, como também com auxílio de lupas e microscópio eletrônico. Neste estágio uma técnica bastante usada é eliminação sistemática de defeitos, aonde o técnico através de medidas vai eliminando componentes e circuitos do problema e assim, vai isolando o defeito. Habilidades de análise de circuitos fazem toda a diferença aqui.

 

Verificação das causas

     Este é um estágio negligenciado por muitos técnicos, o resultado é muito retorno de equipamentos consertados. Muitas vezes, o defeito é óbvio e não depende de analisar as causas, mas é sempre bom analisar as possíveis causas, por exemplo, o técnico recebe um televisor para conserto e após analisar, verifica que o circuito integrado PWM da fonte primária esta queimado, substitui e testa o aparelho que volta a funcionar, ele fica feliz e entrega o televisor para o cliente, dias depois o cliente retorna irritado com seu televisor apresentando o mesmo defeito, o técnico examina e verifica que o circuito integrado PWM queimou novamente. Agora mais “experto” ele antes de substituir novamente analisa as possíveis causas e encontra o capacitor de filtro principal bastante alterado e não filtrando corretamente a fonte, isso pode ser a causa da queima do PWM, ele agora substitui o capacitor e o circuito integrado PWM, testa todo o funcionamento da fonte e após comprovar funcionamento normal, entrega o aparelho novamente ao cliente. Se tivesse analisado as causas do defeito na primeira vez, teria economizado um circuito integrado PWM, economizado tempo e o principal, não teria perdido preciosos pontos com seu cliente. Portanto, analisar as causas é uma etapa fundamental da manutenção.

 

Reparo

     Este é o estágio mais fácil e que requer apenas habilidades no uso de ferro de solda, estação de ar quente, entre outros, pois aqui é feito a troca de componente(s) defeituoso(s), ou ressolda de terminais ou mesmo recuperação de trilhas rompidas, ou seja, aqui o mais importante é a habilidade manual. Nas etapas anteriores exigiam-se mais habilidades intelectuais e muito conhecimento da área.

 

Teste de funcionamento

     Esta etapa é muito importante para manter a qualidade dos seus serviços e também é negligenciada por muitos técnicos. Depois de cumprido todas as etapas da manutenção e o aparelho esta funcionamento normalmente, é importante deixar o mesmo ligado para teste por um determinado período, que depende da área de atuação, em televisores, costuma deixar pelo menos um dia o televisor ligado na oficina. Também atuei durante muitos anos com manutenção de centrais telefônicas e aparelhos telefônicos, estes necessitavam de apenas um teste completo de todas as suas funções que era suficiente para entregar ao cliente.

 

Considerações finais

     Como você pôde perceber lendo nosso artigo, manutenção é muito mais do que simplesmente consertar algo quebrado, não é mesmo? Pôde perceber que para evitar retornos e irritação dos clientes é muito importante verificar as causas do defeito e principalmente o teste de funcionamento.

    Gostou desse tema e pretende trabalhar com manutenção em elétrica ou eletrônica, vou te passar algumas dicas também.

    Para quem pretende trabalhar com manutenção, mas não é do ramo, o primeiro passo é fazer cursos básicos que explicam como funcionam os componentes e circuitos e também uso de ferramentas e instrumentos de medidas. Quem pretende trabalhar com manutenção elétrica, pode começar com cursos de eletricista e prosseguir com comandos elétricos (Clique para conhecer nosso curso de eletricista). Se você já é um eletricista e quer aperfeiçoar seus conhecimentos e abrir mais opções de trabalho, conheça nosso curso de comandos elétricos clicando aqui. Se pretende trabalhar com manutenção de aparelhos eletrônicos procure conhecer e dominar os circuitos, os componentes, as ferramentas e instrumentos de medição, clique aqui para conhecer nosso curso de eletrônica. Mas, não para por ai, depois de concluído o curso de eletrônica é hora de buscar por  cursos específicos da área que você escolher para atuar.

    É muito importante para quem trabalha com manutenção ou consertos de aparelhos eletroeletrônicos a especialização, ou seja, conhecer muito bem os aparelhos que se propõe consertar. Com o avanço da tecnologia e recursos disponíveis, é muito complicado o técnico atuar em diversos setores ao mesmo tempo, por exemplo, querer consertar televisores, computadores, máquinas de lavar roupa, impressoras, etc. A menos que seja uma empresa com diversos técnicos especializados e muito bem organizados.

    A última dica que deixo para vocês é: escolham um setor para atuar, busquem cursos específicos, procurem cursos junto aos fabricantes, mesmo que para isso, tenham que se torna assistência autorizada. Comprem placas e equipamentos usados ou mesmo com defeitos para praticar e ter peças de reposição e encontrem os principais fornecedores de peças e componentes para o setor que você escolheu. Além da internet, feiras e revistas do setor são ótimos locais para encontrar bons fornecedores.

Boa sorte!

Prof. Jair Maciel dos Santos

Telredes Cursos

“Conhecimento para uma vida melhor”.